segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Frotas douradas dos nossos agentes

Do aceitado tráfico de seres a mudança de vida

Foto: MMO
Há muito que me vinha perguntado afinal porquê a migração ilegal continua de vento em poupa. Me perguntava ainda mais porquê é que os canais usados para chegar ao “El Dourado” que é Africa do Sul continuam abertos e com fácil entrada para os manos que decidem aventura-se nas minas à procura de melhoras condições de vida.
De repente paro para pensar e percebo que as frotas continuam porque assim as querem. Continuam porque a migração ilegal alimenta o PIB e PNI (Produto Nacional Individual) dos indivíduos que controlam os caminhos,as estradas e as noitadas.

As vezes me coloco a pensar de quem seria a culpa. Daí percebo que a culpa dos dois lados. Do lado do polícia fiscal ou florestal que na procura de trocados aceita ser subornado, aceita fazer parte do crime organizado que faz gente ser fuzilada, presa, entre outras atitudes, seja nos KrugerPark, fronteiras ou naquela terra do rand.
Continuo dizendo que a culpa é do policial que alimenta aquela fuga ao fisco. Continuo dizendo que a culpa vem dos dirigentes que ensinam aos estagiários fronteiriços que se não cederem não terão o de comer, daí que na sua luta contra a fome deixa o camionista ilegal passar porque terá 10% da mercadoria contrabandeada, depois de receber algum valor paracalar a boca. Aliás, o tal fiscal, que normalmente já sabe quando um caro bem carregado irá passar da sua região, fica fazendo contas de quanto vai lucrar naquele dia, até lutam para ganhar o posto para terem um trocado, assim como polícia de trânsito que se esconde com a máquina para medir a velocidade do carro por detrás da árvore para ganhar algum. Mas desse processo claro que os fiscais ganham. Ganham mercadorias para abrirem negócios em suas casas (aumentar seu PIB Familiar) quando libera o camião ilegal cheio de tabaco que lhe deu 25% da carga, assim como o dono do camião de bebias que deu-lhe alguma percentagem e quantias em dinheiro.
No meio de todo este processo, está um outro culpado que é o emigrante ilegal que aceita a todo custo ser traficado sem saber do verdadeiro nome do seu guia. Estou também a falar de diversas mulheres que são desviadas de rota, estupradas, levadas a casas de venda de sexo, usadas até o seu último suspiro ou ainda do Zezito, filha da dona Raquel que desapareceu e seu corpo foi encontrado sem órgãos genitais. Mas mesmo assim, a vontade de ir ao “El Dourado” continua maior. Daí me pergunto: afinal o que estaria a falhar?
Pergunto isso porque se formos a analisar, o valor que tem sido gasto para entrar clandestinamente na vizinha Africa do Sul, é uma quantia que pode servir para tratar o passaporte e de forma legal entrar na RSA.Mas será que o ilegal sabe que trata-se passaporte para entrar lá ou simplesmente estaria acostumado com aquela vida de elevada adrenalina? Ou será que a nossa migração não estaria afazer bem o seu trabalho? Ou será que a nossa migração não está a saber fazer sensibilização para que os ilegais tratem os passaportes e evitem diversos obstáculos? Quem vai saber? Mas o certo é que aquelas entradas ilegais não são fechadas porque “eles” vivem disso.
Enquanto o mundo clama soluções e indaga-se do porquê, o “mano” do outro lado vai elaborando novas leis contra migração ilegal e enquanto isso, vai dizendo seu primo para abrir uma nova ONG a favor dos emigrantes ilegais para ganhar mais trocados, enquanto o seu sobrinho Xiquito que trabalha na fronteira vai fazendo mais subornos, e o seu neto junto de seu filho vão ajudando na destruição do meio ambiente quando aceitam a caça furtiva que declina espécies e espécies em extinção. Mas tudo parece claro: Assim funciona o ciclo da digestão das Frotas douradas dos nossos agentes que nos finais de ano fazem-lhe ganhar um caro de nova marca porque abriram as entradas para os ladroes de carros passarem sem pagar nenhum imposto. Mas uma coisa é certa: uma nação que não controla suas fronteiras é uma nação fracassada e refém do tempo e das vontades de particularidades.



(Estava somente a indagar de voz alta)

Sérgio dos Céus Nelson
 

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Frente aos factos

Sobre o autor do blog

Sérgio dos Céus Nelson

Communication Officer at Lúrio University Journalist. Freelancer. Activist of Human Rights. Photographer

Communication and information specialist. Journalist. Writer. Screenwriter. Researcher. Motivator. Volunteer.

Founder of the Association of Environmental and Human Rights Journalists - AJADH and the Literary Association of Arts and Culture of Mozambique (ALARCUMO).

Contact: (+258) 829683204 or 846065018/879877312

Skype: Sérgio dos Céus Nelson

Journalist with Honorable Mention in the International Prize for Human Rights Journalism, by the Association of Public Defenders of the State of Rio Grande do Sul (ADPERGS) - Brazil.

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