quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

“A cultura é uma armadilha para nós mesmos”

- Gilberto Macuácua - HOPEM

Foto: Sérgio dos Céus Nelson

A constante luta pelos direitos humanos, em particular da eliminação dos casamentos prematuros tem juntado diversas esferas da sociedade com vista a traçar mecanismos para que a rapariga não seja limitada os seis direitos em detrimento de certas praticas sociais que fazem dela refém das vontades, seja dos encarregados que as usam como forma de pagamentos ou ainda máquinas de fazer filhos quando vão ao lar e os maridos ficam a espera de mais um filho como prova de que ela é mulher de verdade.

No intuito de problematizar sobre casamentos prematuros como um entrave ara o desenvolvimento de Moçambique, Gilberto Macuácua, Representante do HOPEM, falando a quando da Conferencia Nacional da Rapariga, disse existir uma constante necessidade de se criar debates em volta das diversas manifestações culturais que de certa forma põem em causa a saúde, liberdade e o bem-estar da rapariga.
Na sua concepção, Macuácaua acredita que quando se fala da cultura fala-se dela mais para vertente da música, canto, dança, arte e se esquece das práticas sociais que guiam a sociedade e dão direcção de como cada cidadão se deve identificar. Aliás, Macuacua faz tais pronunciamentos para problematizar sobre os benefícios e problemas que certas formas de manifestações que afectam a sociedade.
Um outro problema destacado por Gilberto Macuácua tem a ver com as famílias receptoras onde a rapariga é muita das vezes vista como empregada depois de ser integrada como a nora de casa. Aliás, importa referir que tais casamentos prematuros que são consequência da atitude dos pais que muitas vezes obrigam a sua filha a ir ao lar porque engravidou e abstêm-se dos cuidados e incentivam-na a ir ao lar.
“O casamento prematuro é olhado como normal porque diz-se que o casamento faz parte da nossa cultura” disse, criticando a forma como os ritos de iniciação põem as raparigas como vitimas e reféns das crenças da sociedade. Ademais, Macuácua diz ainda que “A nossa cultura é como uma armadilha para nós mesmos”.
Fazendo uma análise da situação da rapariga nas zonas rurais e urbanas, Berta de Nazarete, membro do Horizonte Azul, defende a necessidade de mudança de conceito dos casamentos prematuros, pois segundo ela aceitar usar-se este termo parece tornar ameno um problema que tem agravado a vida das raparigas.
Ciente dos diversos problemas enfrentados pela rapariga, Berta critica o lobolo, kutxinga e outras práticas que facilitam o rompimento dos direitos da rapariga quando esta é sujeita a aceitar certas decisões dos pais sem ter o direito de opinar.
“As meninas não têm controlo da sua sexualidade. Ficam a mercê das vontades de seus maridos”, declarou
Um dos desafios impostos por Berta é a necessidade de desenvolvimento de estratégias para que efectivamente a rapariga saiba de seus direitos e por conseguinte lute sabendo quais são seus direitos. Porém, para que tal acontece impere a união de todas a s forças da sociedade civil e o Governo na implementação dos diversos mecanismos para lutar contra limitações dos sonhos da rapariga.
“Estamos a caminhar para um precipício que põe em causa o sonho das meninas”, disse
Na voz do Governo, Anastância Mula, representante do Ministério do Género, criança e Acção Social, ao falar da Estratégia do Governo para eliminação dos casamentos prematuros, disse haver esforços a serem envidados pelo governo com vista a derrubar a problemática dos casamentos prematuros que perigam o futuro da rapariga. Mas uma coisa é certa, a necessidade da consciencialização para as lideranças comunitárias deve continuar sendo um grande desafio para alcançar-se efectivamente esta luta que desafio a reflexão de algumas leis com objectivos de melhorar a situação da rapariga.
Entre esforços, desafios e metas deve-se criar mecanismos para o empoderamento da rapariga, para que seja ela a tomar decisões por si e traçar seu futuro sem limitações dos pais por pressão económico ou sem o medo de limitar o acesso a educação por causa dos casamentos prematuros.

Sérgio dos Céus Nelson

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Frente aos factos

Sobre o autor do blog

Sérgio dos Céus Nelson

Communication Officer at Lúrio University Journalist. Freelancer. Activist of Human Rights. Photographer

Communication and information specialist. Journalist. Writer. Screenwriter. Researcher. Motivator. Volunteer.

Founder of the Association of Environmental and Human Rights Journalists - AJADH and the Literary Association of Arts and Culture of Mozambique (ALARCUMO).

Contact: (+258) 829683204 or 846065018/879877312

Skype: Sérgio dos Céus Nelson

Journalist with Honorable Mention in the International Prize for Human Rights Journalism, by the Association of Public Defenders of the State of Rio Grande do Sul (ADPERGS) - Brazil.

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