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Gilberto Macuácua - HOPEM
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Foto: Sérgio dos Céus Nelson |
A
constante luta pelos direitos humanos, em particular da eliminação dos
casamentos prematuros tem juntado diversas esferas da sociedade com vista a
traçar mecanismos para que a rapariga não seja limitada os seis direitos em detrimento de certas praticas sociais que fazem dela refém das vontades, seja
dos encarregados que as usam como forma de pagamentos ou ainda máquinas de
fazer filhos quando vão ao lar e os maridos ficam a espera de mais um filho
como prova de que ela é mulher de verdade.
No
intuito de problematizar sobre casamentos prematuros como um entrave ara o
desenvolvimento de Moçambique, Gilberto Macuácua, Representante do HOPEM, falando
a quando da Conferencia Nacional da Rapariga, disse existir uma constante
necessidade de se criar debates em volta das diversas manifestações culturais
que de certa forma põem em causa a saúde, liberdade e o bem-estar da rapariga.
Na
sua concepção, Macuácaua acredita que quando se fala da cultura fala-se dela
mais para vertente da música, canto, dança, arte e se esquece das práticas
sociais que guiam a sociedade e dão direcção de como cada cidadão se deve
identificar. Aliás, Macuacua faz tais pronunciamentos para problematizar sobre
os benefícios e problemas que certas formas de manifestações que afectam a
sociedade.
Um
outro problema destacado por Gilberto Macuácua tem a ver com as famílias
receptoras onde a rapariga é muita das vezes vista como empregada depois de ser
integrada como a nora de casa. Aliás, importa referir que tais casamentos
prematuros que são consequência da atitude dos pais que muitas vezes obrigam a sua
filha a ir ao lar porque engravidou e abstêm-se dos cuidados e incentivam-na a
ir ao lar.
“O
casamento prematuro é olhado como normal porque diz-se que o casamento faz
parte da nossa cultura” disse, criticando a forma como os ritos de iniciação põem as raparigas como vitimas e reféns das crenças da sociedade. Ademais, Macuácua
diz ainda que “A nossa cultura é como uma armadilha para nós mesmos”.
Fazendo
uma análise da situação da rapariga nas zonas rurais e urbanas, Berta de
Nazarete, membro do Horizonte Azul, defende a necessidade de mudança de
conceito dos casamentos prematuros, pois segundo ela aceitar usar-se este termo
parece tornar ameno um problema que tem agravado a vida das raparigas.
Ciente
dos diversos problemas enfrentados pela rapariga, Berta critica o lobolo,
kutxinga e outras práticas que facilitam o rompimento dos direitos da rapariga
quando esta é sujeita a aceitar certas decisões dos pais sem ter o direito de
opinar.
“As
meninas não têm controlo da sua sexualidade. Ficam a mercê das vontades de seus
maridos”, declarou
Um
dos desafios impostos por Berta é a necessidade de desenvolvimento de estratégias
para que efectivamente a rapariga saiba de seus direitos e por conseguinte lute
sabendo quais são seus direitos. Porém, para que tal acontece impere a união de
todas a s forças da sociedade civil e o Governo na implementação dos diversos
mecanismos para lutar contra limitações dos sonhos da rapariga.
“Estamos
a caminhar para um precipício que põe em causa o sonho das meninas”, disse
Na
voz do Governo, Anastância Mula, representante do Ministério do Género, criança
e Acção Social, ao falar da Estratégia do Governo para eliminação dos
casamentos prematuros, disse haver esforços a serem envidados pelo governo com
vista a derrubar a problemática dos casamentos prematuros que perigam o futuro
da rapariga. Mas uma coisa é certa, a necessidade da consciencialização para as
lideranças comunitárias deve continuar sendo um grande desafio para alcançar-se
efectivamente esta luta que desafio a reflexão de algumas leis com objectivos
de melhorar a situação da rapariga.
Entre
esforços, desafios e metas deve-se criar mecanismos para o empoderamento da
rapariga, para que seja ela a tomar decisões por si e traçar seu futuro sem
limitações dos pais por pressão económico ou sem o medo de limitar o acesso a
educação por causa dos casamentos prematuros.
Sérgio dos Céus Nelson