terça-feira, 20 de setembro de 2016

O IGREJISMO DO APOCALIPSE

DO CÁLICE DE CRISTO À CONSTRUÇÃO DOS NOVOS TEMPOS SAGRADOS
Dan Brown (DB) faz-me repensar, nalgum momento, no sentido crença e aquilo que eu chamaria de “seguidismo” religioso. Quando DB problematiza o Santo Graal, em seu livro Código Da Vinci, remete-me na ideia, não só de repensar nos crimes da Opus Dei, mas também de compreender o motivo pelo qual as pessoas tanto “acreditam” nas obras de Cristo ou pelo menos que elas lhes podem trazer sucesso nas suas vidas.
Se por um lado temos novos pastores que são dados o dom da palavra pelo seu Deus em noites de sonos longos, tempos por outro lado os pastores ou padres que vêem na igreja a sua última alternativa de sobrevivência. No meio desses, há aqueles que se definem de crentes, aqueles que dizem que acreditam em Cristo. Mas até que ponto podemos aqui falar da crença ou da adoração ao altíssimo dos Céus?
Nos últimos tempos o mundo vem sendo fustigado por diversas febres e doenças que dizimam milhares de gente. Já tivemos o caso vírus Zika, a ébola, assim como existe o HIV que ainda que exista a cura, não se vai divulgar porque a doença tem justificado muita riqueza e muitos fundos a entidades e nações que elaboram projectos e enriquecem enquanto fazem palestras sobre o uso do preservativo ou castidade para não ter o HIV/SIDA. Mas no meio dessas doenças todas, a que mais me preocupa é a da manipulação ou formatação da mente social. Se formos a perceber a teoria de Émile Durkheim quando falava da estrutura social, percebemos um mundo em que os indivíduos de definem na estrutura social onde se encontram.
Quando falo da formatação do consciente social, falo da capacidade que as igrejas tem de mudar a visão dos indivíduos, de limitar a capacidade de compreensão da realidade social, da capacidade que os pastores/padres têem de influenciar, certas vezes, de forma negativa na forma como os indivíduos concebem o termo convivência em sociedade ou ainda a forma como permitem que a sua crença influencie em tudo o quanto fazem.
A forma como o mundo passou a idolatrar as entidades religiosas ou os que as fazem, faz-me não só relembrar a "A adoração do Bezerro de Ouro", de Nicolas Poussin, mas também faz-me indagar se o mundo estaria a pensar seriamente na gravidade que as últimas manifestações podem causar na forma como nos vemos como viventes sociais.
Se por um lado temos a IURD que faz gente vestir sacos de arroz para rezar contra a fome, por outro lado temos a emergência das novas igrejas adventistas que fornecem laços de protecção contra os diversos perigos sociais, então devemos pensar quem seria o verdadeiro mensageiro de Cristo, ou se Cristo decidiu diversificar a liberdade de escolha, fundando novas igrejas que muitas vezes fomentam divisionismo entre famílias do que criar um pensamento que ajude as sociedades a perceberem o real sentido, que para mim foi fundada a igreja: lutar contra o “mal”. Coloco aqui o mal entre parênteses porque o mundo religioso precisa perceber que com as ondas de contradições que verificamos, crentes que ridicularizam crentes de outras igrejas, vamos abrir num futuro breve a “guerra dos seguidores de cristo”. Porque se os crentes não percebem o motivo que os leva para a igreja, então facilmente terão as palavras de seus pastores/padres como fórmula vital de suas vidas.
Na verdade, falo do igrejismo do apocalipse mais no sentido de problematizar as últimas emergências religiosas nas nossas sociedades. A quem damos o poder de abrir uma igreja? Quais são os critérios para ser-se homem de Deus? Bastará simplesmente ter uma boa retórica ou o poder de ludibriar? Se for, então amanha também vou abrir uma nova igreja denominada “A campainha do senhor”.
Recentemente vi novos de igrejas nas ruelas por onde passo, tem de tudo, “Salvacao de Deus”, “Ministério água viva”, entre outras fórmulas religiosas que perigam o convívio das sociedades. Me pergunto, que ensinamentos de por dar uma igreja que critica a outras igrejas e faz de seus crentes fuziladores dos outros? Que ensinamentos podemos colher de uma igreja que faz gente dizimar forçadamente a ultima moeda que tinha para pagar o jantar dos filhos? Que ensinamentos podemos colher de uma entidade religiosa onde pastores dizem as mulheres que só podem casar com homens da mesma igreja? Não estaríamos a criar assim um divisionismo social ou um “racismo cristónico”?
O que mais me inquieta é a capacidade que nós os indivíduos temos de não abrirmos nenhuma margem para duvidas, como de tudo que nos v dito pelos pastores fosse a profunda verdade, até que chegamos ao ponto de sairmos de nossas casas porque achamos que nossa famílias não são dignas de estar ao nosso lado ou porque as achamos infestadas de pragas.
As letras do Abecedário já se tornaram marketing para muitas igrejas que criaram os dias “A”, “C”, etc, no sentido de criar mais atenção, galvanizar atenção do publico sofredor para com uma lata de emoção ir a sua traz na esperança de, em um só dia, construírem mansões, chegarem no topo do aranha céu, ou mesmo comprarem os carros do último grito. Qual é o valor ou perigo de ser crente nos últimos dias? Qual é o perigo de nos limitarmos, psicologicamente de sermos mais produtivos, por causa das nossas aspirações religiosas?
Se para uns o sábado é dia do senhor, e por causa disso não vão aos seus serviços, até mesmo correndo risco de serem demitidos, para outros o sábado é um dia que não se pode cozinhar, fazer compras, estar ao lado de uma mulher e muito menos pecar como fez Adão e Eva quando o fogo foi mais forte que a sua textura (pele) física.
O ponto é o seguinte: há que se perceber que precisamos discutir o divisionismo religioso, assim como discutimos os outros temas, como a política. Pois as igrejas viraram uma arma mortal que pode criar racismo e segmentação das sociedades. Se os muçulmanos devem casar entre eles, então estamos perante um mundo em que vivemos um racismo aceitado e ao mesmo tempo respeitado sob o pretexto de termos um estado laico. Até onde se mede a laicidade de um estado? Afinal de conta, quais são os fins de uma igreja? Criar homens ferozes que discutem entre si porque acham que a sua igreja é a mais correcta ou “purificar” a mente dos mesmos para que sejam mais unidos e irmãos?
A verdade é uma: a linguagem é o melhor aliado para que os homens acreditem cegamente no que querem ouvir dos outros. a linguagem tornou-se desde então um meio de colonização maciça que faz o pobre pensar em enriquecer sem necessariamente ter trabalhado, e o faz acreditar que poderá sair da casa alugada, passar a comer framboesas, sem ter demonstrado espírito de trabalho duro. O que me leva a crer que as igrejas estão mais para criar ergófobos (preguiçosos) que nada fazem para melhorar suas vidas e limitam-se a rezar na esperança de que um dia as coisas vão mudar. Tenha certeza de uma coisa: nunca terás um carro de luxo se não fores a trabalhar. Precisas mostrar que és capaz de fazer algo proveitoso para que o mundo reconheça as tuas habilidades. O que tento dizer não é deixar de seguir com as aspirações religiosas, estou sim a dizer que é preciso ter a capacidade de balancear os mundos (material e divino), sem necessariamente ter um sobrepondo o outro.
Acredite em Deus (se fores crente), mas não deixes que as palavras dos pastores/padres o segmentem da família e da sociedade, sob o risco de te tornarem uma nova raça perdida na sociedade onde habitas.


Sérgio dos Céus Nelson

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Frente aos factos

Sobre o autor do blog

Sérgio dos Céus Nelson

Communication Officer at Lúrio University Journalist. Freelancer. Activist of Human Rights. Photographer

Communication and information specialist. Journalist. Writer. Screenwriter. Researcher. Motivator. Volunteer.

Founder of the Association of Environmental and Human Rights Journalists - AJADH and the Literary Association of Arts and Culture of Mozambique (ALARCUMO).

Contact: (+258) 829683204 or 846065018/879877312

Skype: Sérgio dos Céus Nelson

Journalist with Honorable Mention in the International Prize for Human Rights Journalism, by the Association of Public Defenders of the State of Rio Grande do Sul (ADPERGS) - Brazil.

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