quarta-feira, 12 de outubro de 2016

22 Pecados fatais da (os) música (os) moçambicana (os)

A música moçambicana tem desde a sua emergência enfrentado problemas de diversas temáticas (assim como o faz a música de outras partes do mundo). Mas acredito que mais crítico e polémico tem sido os últimos acontecimentos. Digo isto porque se voltarmos aos anos 60 para 80 verificamos uma altura (auge da cultura moçambicana) em que o que reinava era a exaltação da cultura moçambicana, nas vozes, seja de Fanny Fumo, Xidiminguana, Avelino Mondlane entre outros que de tudo faziam para que a sociedade moçambicana não se esquecesse das suas raízes, formas de manifestação, suas vestes e acima de tudo o que lhe diferencia do resto do mundo. Era uma época de boas colheitas musicais…acredito fortemente nisso.
Quando falo da exaltação da cultura, quero sim dizer que o que mais se notava era uma música virada essencialmente seja para a libertação e educação, não sendo tao notável a “vontade” de os músicos tenderem a internacionalizarem-se (hipoteticamente). Mas o ponto de destaque não são os da velha guarda, essencialmente.
Este artigo, que espero ser útil para reflexão e mudanças de atitude, vem no sentido de mexer na ferida que retrocede a cultura, em particular a música moçambicana, olhando para os músicos da nova geração, que se tem deparado com desafios, alguns criados por eles mesmos, assim como pela falta, por vezes, de conhecimento sobre a área em que eles decidem investir nela. Vamos em pontos?:
Muitos países são conhecidos, maioritariamente, por causa de seus activistas culturais (artistas/músicos/cantores) que muito elevam a sua bandeira e fazem o mundo ficar tentado em conhecer as suas origens. Não penso que a receita de dar valor a música seja encontrada num génio da lâmpada do Aladim, mas sim através de políticas e estratégias no sentido de tornar mais efectivo o que é produzido pelos cidadãos/artistas.
Não prevejo um sucesso musical efectivo e firme enquanto como sociedade nos preocuparmos mais em atirar pedras do que apoiar. Poderiam me perguntar se estou a advogar o apoio de produtos de má qualidade. Mas o ponto aqui não é esse. O ponto é pensar em trazer o mau para o bom, é fazer com que as pessoas com dúvidas sobre o que fazem encontrem mais motivos para serem eficazes e proactivos.
A sociedade é, para mim, feita de pensamentos diversos, e não podemos simplesmente pensar na música de forma limitada a velha guarda, já que acreditamos que é nesse período que mais houve produções de qualidade, não que eu duvide.
O ponto é o seguinte: as novas manifestações musicais vem numa altura em que o mundo se metamorfoseia e precisa ser compreendido em diversas perspectivas. Ignorantes nos tornaríamos se negarmos a evolução das espécies que outrora Darwin falara. O mundo está em contante mudança…os seres humanos…assim como a forma como eles se comportam.
Por exemplo, podemos até considerar um atropelo a língua a forma como os jovens (nos quais me incluo) ultimamente escrevem as suas mensagens de texto, de forma resumida (por exemplo vrdde no lugar de verdade, etc), mas porque não pensar/reflectir nisso como um avanço linguístico, afinal de contas, a expressão linguística nunca parou de evoluir. Desde a idade de pedra, a extinção (aparente) do latim até a criação de novos idiomas. Mas com certeza que não escrevo este artigo para falar da evolução das línguas ou até dar razão a forma “errónea” como se escrevem mensagens (resumidas) nos últimos tempos.
Coloco esta abordagem para fazer perceber que nós é que definimos como as coisas se devem comportar, o que me faz questionar o porquê de ainda não termos criado um Lionel Richie ou Michael Jackson moçambicano.
Não podemos ser simplesmente consumidores passivos e apreciadores. Discutimos muito sobre a música que esquecemos de faze-la.
Quando falo de “criação” de um Lionel Richie moçambicano, estou a falar de investirmos em nossos músicos para que estes sejam espelho de seus seguidores, da sua nação, para que o mundo afora reconheça as suas qualidades. Nenhum países vai reconhecer um músico que é rejeitado pelo próprio país.
Estamos todos dias a exaltar os nomes de diversos bons músicos, até fazemos festas de homenagens. Mas tais festas de que servem se o tal músico regressa a sua casa e questiona-se de forma frustrada porquê não consegue sentir o resultado de todo o esforço que empreendeu na sua carreira.
Existem muitos músicos que precisariam de assistência. Alguns, que com idade avançada poderão se ir (permitam-me assim dizer) sem ter deixado um legado tangível a sociedade. Se falo de um legado tangível, falo por exemplo de uma plataforma que se pode construir no sentido de fazer o upload de todos os dados musicais de nossos músicos, afinal de contas, até alguns músicos não conseguem se lembrar da sua primeira gravação, isto porque lhes falta um acervo de conservação dos seus dados musicais que os ajudaria a estarem atentos nas suas actividades.
Os músicos famosos não são só feitos da sua forma de dançar ou vestir, são sim feitos da capacidade de poderem gerenciar a sua carreira. Pode até parecer uma ignorância da minha parte, mas me arrisco fortemente a dizer que 90% ou mais dos nossos músicos não tem um plano de gestão de suas carreiras. Actuam, aparecem nas telas televisivas, mas as coisas terminam por aí, não há um seguimento das coisas. Então me pergunto: O que estaria a falhar.
Será o medo de procurarem pessoas capacitadas a lhes abrir a mente para melhor controlarem o que fazem? Sobre este ponto poderei debruçar mais avante.
O que deixo ficar antes de entrar nos 25 pecados fatais da música moçambicana, é o desafio de se investir mais nos nossos quadros musicais. Temos muita riqueza musical aqui dentro (Moçambique) que acredito não conseguirmos ver. O importante é sentarmos, fazermos um plano de gestão e abrirmos mecanismos para que exista uma plataforma musical moçambicana onde o mundo todo possa encontrar o seu músico preferido. Meios para fazer essa plataforma? São vários os meios (não vou aqui abordar porque não é o tópico da minha análise).
v  Pecado 1: Pesquisa de ritmos musicais
Um cantor/músico não pode só ser feito da voz linda voz (se é que a voz seja o mais importante numa musica). Ele precisa saber o que está a fazer.
Encontramos fazedores da música que aventuram neste mundo porque foi convidado pelo seu primo a abrirem um estúdio e a começarem fazer os bits/instrumentais, mas sem necessariamente saber o que vem a seguir.
O que estou a dizer é que o cantor/músico precisa antes de se expor conhecer o mundo onde vai viver. Não vais abrir uma conta bancária se nunca vais depositar dinheiro. Tens é que reconhecer que ainda és aprendiz e procurares pesquisar sobre o ritmo musical que mais te deixa “excitado” para que possas ter uma mente aberta para o sucesso dos teus planos.
Tua letra musical dificilmente vai espelhar uma realidade social enquanto quiseres cantar todas dores do mundo em apenas três (3) minutos, por isso que as musicas tem temas. Aliás, o que estou a tentar dizer é que se és um viciado em Rap, que o faça, mas sabendo ler os passos do Tupac, por exemplo, para saber como ele pensava o Rap.
Se queres fazer a marrabenta, faça mais saiba ler sobre os diversos músicos que foram pioneiros ou que praticam a marrabenta para poderes perceber como eles usam a guitarra ou violino na criação de uma boa marrabenta. Tudo tem a ver com perspectiva. Não vais fazer nada sozinho: nem mesmo a fama que tanto ambicionas.
Então, sente, reflicta, pesquise, tenha um manual ou caderno que vais registar toda aprendizagem, ou vais ler sobre os ritmos, pergunte, se aproxime a pessoas mais vividas/experientes e deixe-se ser aprendiz enquanto te preparas para fazer história.
·         Pecado 2: Músicos antigos ajudando os novos
É importante que os músicos se interrelacionem entre si. Quando falo de inter-relação, falo de troca de ideias e não de trocas números de telefones.
Temos, sem dúvidas, um vasto universo de conhecimento entre nós, através de músicos que já vem a longa data praticando e criando novos sons musicais (ainda que alguns não saibam como o fizeram). Mas tal conhecimento pode não ser-nos útil enquanto só estiver resumido nos três (3) minutos da música que escutamos quando estamos no carro e chegamos ao ponto de fazer next quando já nos fartamos de escutar/ouvir.
A coisa é a seguinte: precisamos que os músicos/cantores sejam capazes de assistir aos fazedores emergentes da música. Mas para isso é importante, claro, que alguns se livrem do “importantismo”. Enquanto nos acharmos importantes de mais, enquanto acharmos que somos apenas assinantes de autógrafos, então estamos condenados a ignorância de não saber passar o conhecimento para os outros.
Se quisermos ser mais produtivos e activos no que fazemos, precisamos criar fóruns nacionais e/ou locais para debater a música. Falo de debater a música no sentido cultural e não politico como se tem feito. Para isso, precisaríamos delegar representantes musicais (não por afinidade politica/amizade/familiaridade) no sentido de fazer-se a música respeitando alguns padrões que não podem ser rompidos, ainda que reconheçamos a existência da evolução das coisas.
Importa lembrar que isto seria até benéfico para os próprios artistas que ajudariam os outros porque já saberiam que a sua experiência não foi jogada no chão, mas sim investida na criação de novas mentes capazes de ensinar a sociedade através da música. Se quisermos que a música seja levada a sério, então que se seja sério como fazedor da mesma.
·         Pecado 3: Análise de letras musicais VS vantagens ao ensino
Vivemos numa sociedade em que apenas alguns músicos são valorizados, por diversas razões que não me importam aqui frisar. Mas o que importa referenciar é que perdemos muito não analisando de forma consistente as músicas que são produzidas.
Perdemos porque há muito conhecimento a ser aproveitado nas letras musicais que andam por aí. A música é e deve ser tida como uma profissão, claro, se for praticada de forma profissional também. Não quero aqui defender os “alienígenas musicais” que lançam uma música hoje e amanhã desaparecem. Há muitos que lutam dia e noite para que a música seja lançada e saia com a qualidade desejada. Então, porquê não aproveitar esses e fazer deles um elemento essencial para o ensino? Porquê não escutar letras do Wazimbo, Stewart, Mingas, Gue-Gue, no sentido de aproveitar a sua inspiração para criar textos didácticos, criar exercícios académicos, criar testes/exames? Pensemos: Se eu escuto “A Lirandzo” de Hortêncio Langa, consigo sentir uma carga emotiva e ao mesmo tempo de ensinamento da música. Porquê não, ou publicar a letra musical num livro de português, ou ainda criar textos incompletos/quebra-cabeças no sentido de dinamizar o ensino. Nota-se que não estou a problematizar a língua pela qual as músicas são escritas. Discuto sim a essência do fazer música.
A música não é só para ser ouvida, mas sim para ser consumida de forma táctica e estratégica, no sentido de fazer dela um catalisador que dinamize o desenvolvimento de uma sociedade. Para que isso aconteça, precisaríamos claramente de criação de comissões que debatessem a música.
·         Pecado 4: Assessorar vida artística (Um artista precisa sempre dum assessor)
Quando para assistir os fazedores da música, vejo muito de “eu dependo de mim mesmo”. E é isso que muitas vezes estraga o rumo de alguns. Porque você não vai conseguir gerir a tua imagem enquanto escreves a letra musical ao mesmo tempo. Precisarias de muita criatividade e muita avareza em pagar alguém que faça isso por si. Então, se quiseres pensar seriamente em como alavancar a sua carreira, pense em alguém que te ajude a fazer a tua carreira, alguém que será o teu olho no objectivo certo: o teu sucesso/fama.
Procurar a fama é as vezes como procurar uma “matequenha” que faz-nos coçar o nosso pé. É só questão de concentração até saber onde ela está escondida que facilmente a vais desalojar da sua pele. O que tento dizer é que um músico não é quem vai criar a sua página oficial, por exemplo, ele deve estar preocupado em coisas mais práticas, como por exemplo inspirar-se nos eventos da vida para escrever algo que nos ajude a raciocinar e ver o mundo numa nova dinâmica/perspectiva, pois de nada me vale ouvir “eu sou rico…eu sou niggaz” se isso não me vai ajudar a ser mais proactivo e mais visionário.
·         Pecado 5: Intercâmbios mundo fora
Temos muitos irmãos que se perdem na gula da fama. Lançou o primeiro vídeo e já em seguida quer viajar para Angola, Portugal, Nova Iorque para fazer sei la o quê. Precisamos de foco aqui.
Eu acredito que um intercâmbio a mundo afora é algo preparado e cozido bem. Tens sim que aproveitar o momento da fama para fazer parcerias, mas tens que pensar e como usar a fama como um aliado, ao seu favor.
Somos uma parte do mundo, mas ao mesmo tempo somos o que complementa o mundo. O que estou a dizer que não existe nenhum país/cultura que não fortifique o mundo. Todos somos parte de uma colmeia onde as abelhas produzem o mel. Então, se saímos a procura de parcerias tem que se ser estratégico, no sentido de saber ter olhos de ver quem poderia solidificar a sua carreira. Então pense em que achas que podes lançar junto dele o seu segundo vídeo, mas não use a emergência do tal escolhido porque a ferida as vezes dói mais quando começa a sarrar.
Alguns músicos de fora que “batem” por cá são como febres que aparecem e desaparecem logo que se encontra uma cura efectiva. Daí que precisas ter alguém que vai servir de argamassa na tua carreira. Fazer intercâmbios é uma forma de promover a sua imagem, então se o queres fazer vai preparado, te sentido pronto musicalmente e capaz de provar ao mundo que te podem chamar de novo para um outro show. Não viajes por emoção. Saiba ser estratégico e mais visionário nas suas atitudes.
Sonhe com coisas altas, mas nunca te esqueças do profissionalismo, pois isso é que vai-te garantir que sejas quem pretendes ser no teu futuro.
·         Pecado 6: “Perfil” do artista
Este ponto é demasiado preocupante. Temos músicos que estão a mais de 60 anos ou mais a nos encantarem enquanto nos fazem sonhar com um mundo de possibilidades, mas os mesmos não sabem gerir sua vida artística.
Ter um perfil do artista, permite a sociedade/fãs a fazerem quem é o seu ídolo, através do tal perfil que vai guiar a sociedade no descobrimento do que cada artista fez durante a sua vida, seja artística ou pessoal. Note-se que um artista sem um “perfil” pode-se complicar quando for por exemplo a viajar para fora do país ou aindapara ser convidado a sair para fora, porque muitos procuram os artistas por aquilo que eles já fizeram e não porque aparecem ao lado de uma garrafa de vinho vermelho (que as vezes é uma mistura de jus cola vermelho para enganar).
Se quiseres fortificar a sua carreira, pense nisso. Pense em registar tudo o que fazes e permita a ti mesmo lembrar por onde passaste todos os dias em que estiveste em actividade. O mundo precisa de ti, mas mais do que isso, precisa saber porque precisaria de ti.
·         Pecado 7: A Febre angolana no país. Do angolanismo a rotura dos traços culturais
Às vezes vejo nossos cantores/músicos se perderem na vontade de mudarem de nacionalidade para estar mais ao lado do Yuri da Cunha, Anselmo Ralph, Pérola, entre outros que fazem do moçambicano um íman que colhe tudo que é ferro. Perceba-se que não estou a discutir os músicos acima citados, até porque os danço muito ao lado da minha avó de quase um seculo de vida e faço-me emocionar quando eles tocam no amor e fazem-me perceber que afinal de contas ainda tenho uma chance de me apaixonar e ter o meu próprio Titanic…eu bem lá enfrente do barco com as mãos estendidas como se fosse um pássaro voando bem lá de cima (quem sabe vendo os barcos importados pelos políticos ou até os bancos onde foram depositar tanto dinheiro que nos deixou em crise). Enfim, não vou mexer na política.
A minha abordagem é que os músicos/cantores sejam mais cautelosos no que fazem. Não nos podem fazer lembrar de um outro cantor quando o escutamos. Ouvimos tantas vozes parecidas que já nem sabemos identificar quem está a cantar. Se não tens nada de novo para mostrar então fique calado e não nos faça de filósofos para perceber se a tua voz é moçambicana ou angolana. Seja original.
Vejo gente passar por aulas de ética ou sotaque para parecer mais estrangeiro do que nosso. Perde quem pensa que o mundo procura sotaque. A música é para diversão, mas mais do que isso, ela serve para ensinar. Por isso podemos até discutir até que ponto a voz roca faz diferença numa música (esse não é meu tema de debate, por isso nem vou falar disso).
Se queres mostrar tua imagem lá fora, seja mais produtivo internamente. Mostre que vale a pena investir em ti, que os que tem capacidade te vão procurar e te vão dar uma viagem VIP num desses aviões e vais visitar Luanda. Mas tens que estar lá por mérito e por sentires que mereces.
Procure ser tu mesmo como músico. Não sejas uma réplica daquele que viste no vídeo tomando um Beluga ou Totonto. Seja aquele que vai fazer um vídeo que emociona e faz as pessoas lembrarem que há um ano enterraram fotos da sua amada porque estavam frustrados…os faça regressar lá e rebuscar a foto e quiçá aprender com os seus erros. A música é uma tertúlia de sabedoria que faz da vida uma aprendizagem a cada momento que se vive: Então viva a música, seja diferente, tenha seu ritmo/prazer que o mundo te vai olhar diferentemente. E claro, com isso podes viajar para onde quiseres. Lembre-se: Tens que ser criativo em tudo o que fazes.
·         Pecado 8: Falta de valorização dos músicos
Não é nenhuma novidade que muitos só falam da velha guarda para fingirem gostar da nossa música. Fingimos tanto que até parecemos ser atores. Estou a tentar dizer que vivemos uma realidade onde os nossos músicos se encontram a própria sorte e só são procurados quando alguém percebe que pode fazer alguns trocados às suas custas.
Não quero aqui debater o termo músico ou cantor, por isso os poderei retractar da mesma forma, mesmo sabendo das suas diferenças. Enfim, quando descobrirmos a necessidade de valorizarmos os nossos artistas, então vamos descobrir porquê eles são importantes para nós, e mais do que isso, vamos perceber a necessidade de os “proteger” e dar o suporte necessário para que continuem a emergir, a edificar seus sonhos, a lançarem mais álbuns e a nos fazerem sorrir/pensar.
Estamos, sem dúvidas, num cenário de dúvidas das origens. Estou a falar de uma fase em que dançámos marrabenta escondidos, mas imitamos vozes do “Future”e “Rick Ross” nas telas e nos olhos do povo.
A minha ideia é de pensar no porquê de não internacionalizarmos a nossa música, através da valorização do que se é feito aqui, porque de música boa temos muita coisa que ainda nem foi escutada. Valorizando o nosso músico, facilitamos a sua visibilidade, permitimos que o exterior o confie para fazer uma tournée na sua terra, permitimos que ele seja mais decidido a fazer qualidade e a inovar cada vez mais.
·         Pecado 9: Falta de pesquisa e comprometimento do artista
O artista é muitas vezes fraco, tão fraco que não percebe que precisa olhar a sociedade de forma diferente, individual e mais ousada. Age tão compulsivamente que chega ao ponto de publicar músicas que o tornam delinquente, retracto de alguém, desnecessário e fútil de se escutar.
Se és da Mafalala, então procure perceber como o seu povo vive, torne suas dores um problema a ser anunciado. Faça das noites de fomes por eles passado, de um tema de debate social que vai despertar a necessidade de mais envolvimento social no fortalecimento da educação, saúde, etc.
O artista/músico precisa se comprometer com o que faz. Não é porque é famoso que perde o seu dever para com o seu fã, para com a sociedade onde vive. Daí que deve saber que o que faz repercute-se no social e pode ter consequências desastrosas na sua vida e carreira. Então, ao fazer a música, precisa perceber que dela deve criar debate e não fomentar racismo e ódio.
·         Pecado 10: Gula pela fama versus falta de qualidade musical
A fama tornou-se uma fome que cria pressa e estagnação dos nossos músicos. Se por um lado temos o cantor que emerge e quer que a sociedade o idolatre e dance suas músicas, temos por outro lado o mesmo que canta demonstrando suas graves falhas na grafia/linguagem, com elevados erros ortográficos na língua, o que nos pode remeter a pensar na sua formação. Se não sabes falar português, então não force a coisa: Cante na sua língua local. Isso é mais ingénuo a se fazer e vai fazer de ti um exemplo a seguir quando conseguires demonstrar que não tens vergonha das suas origens.
Gula pela fama faz músicos/cantores correrem tanto em imitar os outros que esquecem-se que estão a se tornar palhaços e piadas. Fico entretido quando ligo a televisão e vejo tantos tipos de mulheres que surgem (Mulher Bacia, Melancia, Mulher árvore, etc).
Se quiseres investir na música então preocupe-se em formar-se, informar-se sobre o que a sociedade quer ouvir. Ande nas ruas e olhe nos olhos do povo que vais perceber o que os preocupa. As pessoas gostam de encontra-se nas músicas, de verem suas dores reflectidas no que o seu cantor preferido cantou. Daí o seu dever como músico ou cantor de impressionar o seu seguidor/sociedade, afinal deves, também, a parte da sua fama ao que te vem apoiando sempre, mesmo quando cais no palco ou quando ficas ofuscado por algum tempo.
A qualidade musical vai surgir quando descobrir-se a necessidade de profissionalização, a necessidade de pesquisar. Entrar na internet não para receber Nuds, mas sim procurar links que te vão beneficiar a ser e melhor no que tu fazes.
Os músicos que idolatras passaram muito tempo investindo neles, se não investiram, então tiveram sorte do destino: Mas não pense que isso vai acontecer também consigo, por isso faça diferente…leia sobre a música, sobre os caminhos e perigos da fama para perceberem melhor que nem tudo que brilha é alumínio produzido pela MOZAL.
·         Pecado 11: Será que a falta de banda é problema?
Muitos começaram suas carreiras sem uma banda, então não crucifiquem a quem está a começar a sua carreira porque não tem uma banda. Cada coisa com seu tempo.
Muitos começaram dos bits feitos nos quartos de amigos, namoradas (os) e mesmo assim ninguém os crucificou. Mas mesmo tendo isso em conta, devo dizer ser importante ter uma banda para mostrar-se como um músico preparado a mostrar o que vale: que os playbacks fiquem para os que não escreveram as letras que cantam.
Tudo tem perspectiva. Ora vejamos: se tens uma banda, tens uma equipe que te vai ajudar a repensar na qualidade do que produzes. Ao mesmo tempo, tens um grupo que te vai dar forças para subir aos palcos, assim como tens uma equipe que juntos vão fazer algo com qualidade e vão fazer quem que nós os apreciadores paguemos o bilhete do espectáculo sem medo de decepção pelos playbacks mal feitos, com vozes atrasadas, mesmo que tocando com a banda escutemos a voz roca do músico que pode não ter feito ensaios da voz ou que ainda tenha tal voz porque passou a noite na balada antes do show. Mas isso não importa. Não. Na verdade importa sim. Um músico não nos pode levar a brincadeira e dormir nas barracas pensando que vai chegar no palco e só soltar a voz como se não fôssemos perceber onde dormiu. Afinal onde estaria a postura, responsabilidade e comprometimento?
Eu acho que a banda é um investimento que vem no tempo certo, quando se tem capacidades de montar uma. Podemos falar o que quer que seja, mas não devemos ignorar os diversos estilos musicais que existem. Ou melhor, não podemos esquecer dos custos que acarentam a criação de uma banda. Leva tempo, mas claro que precisa-se abraçar esse desafio para mostrar profissionalismo.
·         Pecado 12: Cantar ao vivo diz alguma coisa?
Eu não vou mentir. Gosto muito de uma voz natural. De sentir a veracidade de um timbre vocal de um músico me inspirando sobre a sua letra musical…isso torna as coisas tão magníficas e me sinto motivado a perceber que é mesmo ele cantando e não que ele está somente a abrir a boca para me ludibriar.
Um músico é feito por seus investimentos. Se ele investe nas trajes/vestes ao invés de nova guitarra ou banda, então lhe vamos conhecer como o gostozinho (a), fino, cheio de styles e não mais do que isso. Não nego que o músico deve velar por sua imagem, isso está mais do que claro. Precisamos ver diferença num músico.
Não vais ficar 10 anos na carreira e ainda me apareceres de qualquer maneira, pois vou-te conhecer pelo bafo do que pela qualidade das suas músicas (assim pensam alguns). Não coloquei a questão da vestimenta nos pecados porque isso não é taxativamente um pecado para mim, é só questão de perspectiva e visão de cada autor/músico.
Então digo: cantar ao vivo faz toda diferença e fortifica a imagem do artista. Invista nisso!
·         Pecado 13: Falta de honestidade versus perda de parcerias
Para mim, não há coisa mais irritante que ter “artistas do esgoto” (como já dizia Valete). Artistas que não servem muito e só aparecem para serem mais um. Isso tem também a ver com a forma como cada um se afirma na sociedade.
Muitos artistas perdem o foco quando começam a aparecer nas televisões que acabam esquecendo quem eles são. Esquecem que são gente e que devem respeito ao outro.
É constante ver músicos que “jesus(iam)-se”, tornam-se os tais que faz-nos temer de chegar perto deles. Aparentam de tal maneira que esquecem que o seu manager pode surgir no meio da multidão que ele despreza. Enquanto ele anda de calças e telemóveis de última geração, pode encontrar um manager que mesmo tendo dinheiro anda na simplicidade e faz-se ser um cidadão comum. Daí a necessidade de ter-se cuidado quando se anda e se comunica com as pessoas.
Tudo que fores a falar pode definir o futuro da tua carreira. Então reflicta antes de seres muito importante no meio das pessoas e pense no que podes aproveitar das pessoas, até porque é a simplicidade que te fará encontrar gente que te vai falar das suas histórias de vida, que podem futuramente servir de inspiração para a tua nova letra musical. Então pense nisso e sejas tu mesmo.
·         Pecado 14: Luxúria e esquecimento das raízes
Costumo dizer que um músico se reconhece através de onde vem, das suas origens e dos seus traços vocais, o que significa que demonstrares de onde vens, pode ser um catalisador para fortificar a tua imagem como artista.
A história do sucesso já demonstrou isso: muitos dos que alcançaram o sucesso vem da pobreza. Então não olhe para a pobreza como um “obstáculo” para a sua carreira, olhe para ela como forma de as pessoas saberem que para chegares onde estás foi porque lutaste demasiadamente para mereceres o cálice da fama que tens nas mãos. Para isso, é também preciso que concilies as tuas raízes com o vício da luxúria.
Se fores alguém que quer só ser conhecido por visitar lugares caros, então podes esquecer que na zona onde cresceste tem lá um senhor daquela barraca que te ajudou com alguns meticais para lançares a tua primeira música. A humildade não é nenhum crime, pelo contrário, ela é uma qualidade que nem sempre se encontra nas pessoas, por isso aproveite-a que ela será muito útil para tua carreira.
·         Pecado 15: Vídeos de Luxo sem conteúdo lírico
Às vezes paro para analisar alguns vídeos e somente vejo sucessão de imagens (algumas mal editadas) do que necessariamente conteúdo. Os músicos passaram a preocupar-se em gravar vídeos em grandes mansões que esquecem-se que há gente que vive na sargeta e gosta de ver sua realidade patente nos vídeos. Vou parar de falar dos músicos para falar dos produtores de vídeos, só um pouco.
Acho que temos, às vezes, muita fraqueza na concepção de vídeos por parte dos produtores, porque me parece que eles estão simplesmente preocupados em fazer dinheiro que esquecem de usar a sal criatividade para fazer algo diferente, por isso que vemos vídeos gravados em mesmos locais e cenários.
É importante que os produtores saibam conceber um bom roteiro de um vídeo, precisa-se ficar um dia, semana ou mês analisando o roteiro, a intensidade da luz ou um determinado monólogo para perceber como o vídeo vai ser. O que se percebe é que eles só vai gravar onde acharem que está livre e deixam a câmera trabalhar sozinha. É preciso escrever/fazer roteiro para produzir um vídeo. Isso vai permitir que não haja mesmices e se produzam vídeos capazes de concentrar o ouvinte e faze-lo emergir ao ouvir o tom da voz de seu cantor que faz-se encontrar no cantar de uma nova realidade.
Agora, os músicos as vezes exageram. Gastam rios de dinheiro para fazer um vídeo caro numa letra que não merece ser escutada e poderia simplesmente não ser cantada. Não é só a qualidade que preocupa num vídeo, mas sim a sua essência.
É “bom” sentir-se emocionado ao ver a lagrima de uma mãe (num vídeo) que chora porque o seu filho não teve jantar, assim como é bom ver as manifestações de uma sociedade porque há falta de emprego ou porque o preço do pão e combustível subiram. Isso é o que preocupa o mundo e não necessariamente andar-se de cavalos ou subir escadas rolantes.
Precisa-se humildade para perceber isso!
·         Pecado 16: Músicas feitas na barraca
Às vezes é preciso demorar lançar uma música. O que estou a dizer é que é importante analisar quantas vezes for necessário as letras musicais para poder publicá-las. Se formos a parar para analisar, podemos perceber que os hits surgem, muitos deles, de preparação, de planeamento.
O que acontece hoje em dia é que não se estuda a música. Quando falo de estudar a musica não falo de ir a faculdade (apesar de ser fundamental), falo de tu como músico leres as tuas obras, e isso vai te facilitar a melhor decorares/conheceres as tuas letras, o que te vai permitir evitar playbacks.
Não acho prudente ou profissional escutar uma briga, conversa numa barraca e no mesmo dia/hora correr ao estúdio cantar coisas sem antes as ter escrito ou avaliado a sua pertinência para o consumo social, lembrando que há músicas que além de ensinar criam delinquência e mais criminalidade.
·         Pecado 17: Rapidez na publicação
Há músicos que gosto de ouvi-los porque mostram-se maduros para assim serem chamados. Claro que podem ter fracassado num passado, mas mostraram-se firmes no que decidiram fazer (não importa citar nomes).
O ponto é o seguinte: um cantor deve cultivar o espirito de ter “letras de arquivo”. Aquelas que ele vai gravá-la depois de um tempo sucedido de análises, ainda que isso dure um ano.
Um exemplo típico é a música que o Duas Caras gravou há dez anos ao lado de 100 Paus e foi apresentada este ano (se não estou equivocado). Ou seja, podes produzir uma música mas não lançá-la de imediato e deixa-la tocar só em seu quarto, ou ainda, podes escrever uma letra e não cantá-la no mesmo ano, esperando o momento oportuno para isso, o que me leva a dizer que um bom músico não é conhecido pelo número excessivo de músicas gravadas, mas sim pela qualidade que apresenta.
É preciso ter conhecimentos de marketing musical e pessoal para perceber a importância disto.
·         Pecado 18: Ridicularização do Hip-Hop
Preferi criar um dos pecados para falar do Hip-Hop, um ritmo que tanto aprecio e o vejo como uma luz para perceber o rumo das sociedades.
O ponto é o seguinte: a sociedade foi estruturada de tal forma que a faz perceber o hip-hop (rap) como um ritmo de mendigos, criminosos ou delinquentes. Mas engana-se quem assim o pensa, pois neste grupo/estilo musical muitas são as verdades ou realidades cantadas que se escutadas poderiam mudar o rumo das coisas para o melhor.
O rap é de alguma forma um ritmo de manifestação ou repudio a determinados assuntos (pacificamente), e ele leva consigo uma estrutura de Mc’s que vivem a dor da sociedade e interpretam isso em suas letras. Há muitos estudiosos que estão neste estilo musical, alguns são os chamados ghostwritters, outros são os que cantam pessoalmente.
Não se pode ignorar o facto de existirem os rapazes de swagger que só falam coisas e não ajudam em nada o movimento rap, porque mais insultam do que trazer mensagem. Daí que digo que se precisamos que o rap/hip-hop seja respeitado, é importante que também se repense no que se canta, em como se canta, sob o risco de penalizar gente que dia e noite elabora logicamente as suas, para depois ver-se marginalizado por causa de muitos que acreditam que tatuar-se é o código alfa de um verdadeiro rapper.
·         Pecado 19: Ridicularizar um fã versus Uma sociedade que não sabe aplaudir
É incrível às vezes ver a forma como as pessoas não querem mostrar que são faz de seus músicos predilectos. Agem de tal forma que até engolem a lagrima de emoção que quer-se libertar na hora do show ou quando o vê caminhar.
Percebo que estamos numa sociedade me que, por vezes, se tem medo de exprimir os sentimentos. Ou melhor, as pessoas fazem-se de difíceis ao ponto de esconderem que gostam de tanto de um determinado artista. Isso pode fazer de nós uma sociedade privada no secretismo do sentimento e nalgum momento agoniada, porque quando um sentimento é aprisionado faz como se um pouco de nós fosse impedido de se libertar (olhe que não estou a falar de coisas de amor).
O ponto deste pecado é que não existe, necessariamente, um músico sem um fã. Ou seja, há uma relação directa entre estes dois, e por incrível que pareça, o músico precisa mais do músico, por vezes, do que o fã precisa de si. Daí a necessidade de saber gerir a ansiedade de seus faz e saber dar resposta quando estes fazem perguntas e inquietam-se sobre o seu paradeiro.
·         Pecado 20: Um governo que não reconhece seus artistas
Espero que ao falar deste pecado não seja percebido como um político falando, até porque não tenho tais traços. Trago este pecado no sentido de problematizar o papel do estado na promoção da cultura/música moçambicana.
É preciso que se criem essencialmente ligações fortes entre um estado e os artistas. Poderíamos por exemplo pensar numa possibilidade de o Presidente da Republica convidar artistas para cantarem e estarem junto de si numa conversa num fim-de-semana na presidência. Caso isto acontecesse, não querendo aqui citar os métodos para escolher os artistas que la estariam, abririam uma época em que olhasse para a presidência como, também, um local onde se encontra o povo, um local onde debatem-se ideias, ainda que fosse informalmente. Enfim, não cabe a mim decidir isto.
Talvez o que fosse importante se discutir aqui é como o Ministério da Cultura gerência a vida dos músicos e faz destes um grupo “privilegiado” ou que mereça alguma atenção. O Ministério tem que ser uma caixa de reclamação que recebe problemas dos músicos e aos mesmo tempo os resolver, se estiver ao seu alcance.
·         Pecado 21: Privar o pensamento só na cultura local pode ser uma fatalidade
Moçambique não existe, necessariamente, sem os outros países do mundo. É importante perceber que cantar a sua história não significa ocultar a história do outro. Daí que faz-me pensar que precisa-se as vezes pensar fora da caixa e não ter medo de cantar o outro mundo, não ter-se medo de fazer o samba enquanto se é moçambicano. Isso não tira nenhuma originalidade e não é crime nenhum, pelo contrário, até mostra o quanto podes estar a par dos acontecimentos e que conheces a cultura de outros povos.
Deve-se pensar porquê alguns artistas se notam muitos nalguns países. Alguns, é porque tem um objectivo nas suas carreiras e escrevem o “Plano de carreira” no sentido de identificar o seu público-alvo.
É importante lembrar que um musico é comparado a um empresário que quer abrir um jornal. Não pode querer criar um jornal só tendo dinheiro para a primeira impressão, sem saber de onde vai surgir o dinheiro para as outras edições. O que estou a atentar dizer é que enquanto se pensa como produzir as musicas, é também importante saber como dar continuidade aos seus trabalhos.
·         Pecado 22: Ter lucros na música/Musica como empresa
As pessoas pensam que a música é só para cantar-se em casamentos, fazer a vovozinha sem dentes sorrir e esquecer-se da velhice. Pelo contrário, a música é sim uma indústria, ou pelo menos deveria ser.
As pessoas devem viver por aquilo que elas acreditam ou que as faz completas. Estamos perante uma realidade em que fazer musica não é, provavelmente, uma forma de vida, porque não garante lucros e nem garante o sustento das famílias, por isso muitos entram e saem da carreira, ainda que gostem de fazer música.
Assim como as outras profissionais tem/deveria ter carteiras profissionais, os músicos também devem ter, porque são uma estrutura organizada que garante fundos, dinheiro que ainda serve ao próprio estado. Ou melhor, é importante que se discuta quem é ou não musico, quais são os critérios de o ser, ou ainda, que qualidades exigidas para que se debata ao mesmo tempo a possibilidade de torná-la uma empresa propriamente dita.
Nós é que ainda não temos a musica como forma de rendimento, mas os outros países, até mesmo Angola que tanto “amamos” tem cantores/músicos que vivem essencialmente da música e ficam ricos por ela (acredito que aqui também possam existir/existem).

NB: Há que se pensar na formação dos músicos por forma a perceber como se comportam ou escrevem suas letras.


Sérgio dos Céus Nelson

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Frente aos factos

Sobre o autor do blog

Sérgio dos Céus Nelson

Communication Officer at Lúrio University Journalist. Freelancer. Activist of Human Rights. Photographer

Communication and information specialist. Journalist. Writer. Screenwriter. Researcher. Motivator. Volunteer.

Founder of the Association of Environmental and Human Rights Journalists - AJADH and the Literary Association of Arts and Culture of Mozambique (ALARCUMO).

Contact: (+258) 829683204 or 846065018/879877312

Skype: Sérgio dos Céus Nelson

Journalist with Honorable Mention in the International Prize for Human Rights Journalism, by the Association of Public Defenders of the State of Rio Grande do Sul (ADPERGS) - Brazil.

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