domingo, 5 de fevereiro de 2017

E SE A POLÍCIA NÃO TRANSMITE SEGURANÇA AOS CIDADÃOS?

A fase de preocupação massiva atinge a sociedade cada dia, quando andar pelas estradas torna-se um sinônimo de “amedrontação” quando se cruza com um policial, que na sua tentativa (incorreta) de querer exercer a sua “função/trabalho”, põe em causa diversos direitos individuais dos cidadãos.
De um lado temos cenários de policiais que fazem patrulhas nas noites, cruzam-se com jovens brincando, convivendo nas artérias de suas zonas, e mesmo mostrando um documento que lhes identifique, vão continuando com a cena de amedrontar no sentido de arrancar algumas moedas, justificando que não se podiam fazer em locais do gênero de noite. Mas se não vamos brincar nas nossas zonas, casas, onde nos aconselham a ver a luz da lua?
Outros cenários são de policiais que até metem a mão no bolso do cidadão, chegando até a tirar a carteira, do bolso, de jovens arrepiados de tanto medo imputado por aqueles que muito os queriam ver sendo seus aliados. Uhm...tempos definem os mundos e caracterizam os cenários que vem num futuro próximo!
Recentemente vi dois jovens sendo maltratados por três policiais que faziam patrulha na zona da Mafalala, puxados com “Chambocos” enquanto eram ditos “Hoje vamos te mostrar quem somos”... “Vamos te lavar para dar uma volta para nos respeitares”, tais afirmações que continuam sendo uma autêntica prova da fragilidade que pode existir na formação do corpo policial, ou ainda da necessidade de consciencialização e capacitação frequente dos agentes da polícia no que tange a sua postura e como exercer as suas activiades.
Espero que a associação recém-formada com o intuíto de defender os direitos policiais não traga mais hegemonia/poder aos mesmos, mas sim criar sessões ou aulas por forma a continuar a capacitação dos agentes da polícia, para perceberem como usar da sua autoridade e como confrontar os cidadãos.
O cenário que se vive hoje é de um autêntico terror. Já não se pode confiar nos agentes da polícia, porque quando se caminha, ora são pastas revistadas, de forma imprudente, são recibos de pertences que são pedidos, muitas vezes sem fundamentação. Ora, não se vai obrigar a sociedade a andar com recibos de tudo o quanto compra, senão teriam que andar com recibos de roupas interiores também.
É preciso que o modo de atuação dos agentes da polícia comece a ser moderado, porque são actos que podem e são julgados por lei. Não se pode brincar com os direitos dos cidadãos de forma banalizada como se os policiais pudessem fazer e desfazer, como se ninguém os pudesse penalizar. É caso de dizer que ainda há muita limpeza por ser feita e são muitas cinquentinhas pagos por cidadãos amedrontados, mesmo estando no seu direito.
Muitas vezes andamos pelas estradas e vemos jovens sendo “escoltados” por agentes da polícia. Alguns, com certeza, de má conduta. Mas no meio desses, há muitos jovens que são ameaçados por andarem com seus pertences. Mas a coisa é a seguinte: prometem levar os jovens a esquadra para provar a veracidade de que os bens lhes pertences, e muitas vezes pelo medo de já não ter como provar tal direito perante os seus bens, acabam pagando algum, no sentido de calar a boca, e não ter que chegar a esquadra, tais esquadras que deixaram de ser um local que transmite segurança a sociedade.
Os tempos são outros por aqui. Se não se tomar posições e atitudes com vista a diminuir tanto “poder” que se vê nos agentes da polícia, certamente que vamos ter, nos próximos tempos, cenários desastrosos. Até porque já existem: ropturas de direitos humanos de diversas vertentes e nisso fica a dúvida: será que os agentes da polícia nos transmitem segurança ou mais medo...insegurança e atentado aos nossos direitos fundamentais?
Essa é uma questão de dizer que bons tempos em que andávamos “de mãos” dadas com os policiais já se foram. Houve tempos, ainda que não fossem perfeitos, em que ver um policial significava segurança e esperança em ver coisas mudarem, em ver índices de criminalidade reduzidos e muitas vezes sentimos orgulho de ter uma força policial com a qual nos identificávamos. Mas hoje, é totalmente o contrário, porque alguns agentes continuam sendo os que mais infringem a lei e desestruturam o bem-estar social.
A sociedade já está exausta de ser apontada com AKM’s: Não quer ver armas no rosto de seus filhos.
A máquina da justiça precisa ser reformulada...debatida e colocada em meditação para ver que soluções tomar, pois a desarmonia social e medo vão continuando a ser o que reina no peito de muitos cidadãos que já não sabem se podem sorrir enquanto caminham nas artérias da Cidade de Maputo.
E assim vai continuando o nosso país...sem saber do que dele será feito nos próximos tempos.

Sérgio dos Céus Nelson

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Frente aos factos

Sobre o autor do blog

Sérgio dos Céus Nelson

Communication Officer at Lúrio University Journalist. Freelancer. Activist of Human Rights. Photographer

Communication and information specialist. Journalist. Writer. Screenwriter. Researcher. Motivator. Volunteer.

Founder of the Association of Environmental and Human Rights Journalists - AJADH and the Literary Association of Arts and Culture of Mozambique (ALARCUMO).

Contact: (+258) 829683204 or 846065018/879877312

Skype: Sérgio dos Céus Nelson

Journalist with Honorable Mention in the International Prize for Human Rights Journalism, by the Association of Public Defenders of the State of Rio Grande do Sul (ADPERGS) - Brazil.

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