Falar da sexualidade
humana é abordar de forma particular a vida da sociedade que absolutamente não
escapa às dimensões metafísicas e teleológicas do Homem. A muito que temos
contemplado o sadismo emergente nas nossas sociedades devido a esta esporádica expressão
carnal que por vezes limita a capacidade de pensar e agir, indubitavelmente
acabando por induzir-nos a uma atitude errônea da pratica sexual.
Para mim, é na
verdade difícil pensar num mundo “dissexualizado” onde a sexualidade não seja
vista como um vídeo game que compramos e adquirimos em cada esquina. Mesmo
sabendo que a sexualidade humana é a expressão carnal do amor pessoal, existe
sempre a necessidade de preservar a tal sexualidade, do que usufruirmos dela
como se estivesse para entrar em extinção.
Certamente que a
partir das convicções que um ser toma perante uma atitude sexual, isso passará a
o qualificar dentro dos parâmetros sociais onde estiver inserido, porquanto é a
partir daí que se torna imperioso definir o Homem pelo que tem de animal para
averiguar as graves proporções no que cerne a sexualidade.
Para a juventude de
hoje em dia, a sexualidade ou praticamente o sexo passa de certa forma a ser o
B.I (bilhete de identidade) na medida em que vê o sexo como força motriz duma
prova de amor. Mas será necessário ou correcto? E é esta atitude que remete-me
a Jean Paul Sartre quando dizia: “ (...) mas como é sujo o amor (...) ”
Falo do amor de hoje
em dia que é praticamente um hobby e nada mais que um sexo comprado e
armazenado em cada compartimento do quarto de cada Homem devido ao abusivo enlace
e a prática do sexo massivo que emana na sociedade espíritos pornográficos, corações
putrefactos que morrem de prazer, não o prazer de querer viver e praticar a
castidade, mas o prazer de devorar o último suspiro daquele “parceiro-cubaia”.
É como dizia Freud,
“o ponto fraco (de nossa civilização) reside precisamente na sexualidade”,
coisa que não é preciso ser um Deus ou um saudoso sábio para reconhecer o tal
enigma que emerge nos nossos ditames devido a hipertrofia das nossas gulas sarcásticas.
Somos vulneráveis por natureza e feridos por condição, sorte que estamos
povoados de cumplicidades interiores de uma sociedade hipersexuada.
Para cada jovem hoje
em dia há sempre necessidade de preservar uma garantia sexual como se de licenças
vendidas se tratasse. Não é de se espantar que compremos o sexo como compramos
um simples cachorro porque a luz reluzente do outrora que nos ensinava a sermos
“castos” já foi a milênios extinta.
Estas fogosas
atitudes podem vir a ser a maior dificuldade daqui a alguns tempos, John Rock
que o diga: “a maior ameaça à paz mundial (...) não é a energia atômica, mas a
energia sexual”.
Pode parecer uma visão
hiperbolizada mas no que nos aflige como seres, há sempre lá uma mão do sexo. Não
que esteja a dizer que tudo que fazemos, fazemos pensando no sexo. Não é isso
que pretendo abordar. Mas pretendo sim ilustrar até quando e onde o sexo pode
chegar com a nossa evolução sexual.
Não é de admirar-se
por causa da natureza das coisas que se tem plasmado no nosso sertão, porque
ainda na fase da adolescência mesmo que a biologia explique isso, há sempre um acréscimo
do vício sexual. Particularmente nos dias que vivemos. Muitos dos casos são os
que afugentam nos jovens o desejo abusivo da masturbação (excessiva), atitude
que acaba tornando a masturbação algo “natural” e sabemos que apesar de ela ser
um “aprendizado”, pode ser também uma limitação na expressão amorosa de um parceiro para o outro.
Procuro trazer esta patologia da dissexualizacao visto que caminhamos a passos
largos para uma sociedade em que será fácil praticar o acto sexual em cada
esquina. Talvez já estamos na tal sociedade, onde se fala dos corifeus das licenças
sexuais por de tanto contemplarmos a razão atrofiada numa tristonha desonra dos
laços morais e éticos por causa desta sexualidade exagerada que usufruímos a
cada dia.
Com a desmitificação
dos tabus sexuais acabou-se em uma libertação erótica sem precedente. Uma
sexualidade obcecante, cansativa que atrofia as normas de convivência moral e
humana.
Na nossa sociedade
nota se que há um rompimento com o antigo pensamento de Paul Charbonneau que
dizia: “não há sexo verdadeiramente humano a não ser quando em seu exercício é sinal
de amor”. Claramente que hoje em dia pratica-se o contrário.
A impotência, o
esgotamento das forças vitais são resultados da prática excessiva e de certa
forma abusiva do sexo. Mas muito por parte da juventude onde o pan-sexismo - força
motriz da impotência sexual e psicológica torna se um costume adquirido.
Antigamente a
virgindade era exaltada como a expressão de mais alta qualidade espiritual ou
moral mas hoje é simplesmente uma cegueira, é estar fora da moda. Que loucura!
O sexo dominou a terra!
Não conseguimos nos conter
quando vemos uma saínha curta, pensamos logo em devorar aquela mulher, não é
que tenhamos que ser de ferros e aceitarmos todas exibições, mas há uma
necessidade de saber definir-se como um serr que pode fazer mais por si ao
invés de acreditar que o sexo (Hobby) é o que merece mais atenção.
Será possível a dissexualizacao
da humanidade. Acredito que não, já estamos muito avançados e parece não ter como
recuar.
Sérgio dos Céus Nelson
(Filosofando em torno das problemáticas sexuais)