quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Precisamos de uma DIC séria e engajada no trabalho



A função pública em Moçambique continua a enfrentar sérias dificuldades desde o mais baixo nível. Isso remete-me a afirmar, de forma categórica, que a corrupção não está simplesmente nos cargos elevados, ela começa de baixo e se vai cultivando até quando se chega nos cargos de chefia.
Precisamos perceber que a corrupção é “como” agricultura. Quando bem cultivada, regada e enxertada ela sempre crescerá em “boas “ condições.

Decidi escrever este pequeno artigo depois de presenciar actos de maus atendimentos, no dia 2 de Fevereiro de 2017 na Direcção de Identificação Civil (DIC), quando uma funcionária daquela instituição que atendia numa das cabines, no período das 10:20 - 10:40 (período que estive por lá), atendia de forma estúpida uma senhora que  levava nas costas um seu filho de 5 meses.
Depois de tanto tempo de espera, estávamos na bicha a espera que ela nos atendesse, mas enquanto esperávamos percebemos que ela estava entretida numa longa conversa que pode ter levado 30 minutos. Incrível! Me parece que se activa 10 amigos de Mcel para bater papo enquanto esperam a hora de saída. Que brincadeira! Assim não vamos longe como estado.
Quando ela decidiu atender, chamou a senhora de forma bruta. Lembro-me de ela ter dito assim “Não pare na porta e espreitar, se você acha que está apressada vem levar seu documento e vai te embora”. As coisas não pararam por aí, quando a mãe daquele pequeno filho, entrou na sala foi maltratada psicologicamente, ora porque ela estava mal sentada, ora porque devia fazer coisas rápidas e colocar o dedo indicador sobre a máquina das digitais. Foi horrível presenciar tal tratamento que só se pode sentir quando se vê.
Aqueles momentos nos fazem perceber o quanto vivemos num país que não respeita os direitos individuais e fundamentais, não se sabe atender os utentes e continuamos num “jogo de pedrinhas”, sem muita seriedade nos órgãos do estado. É preciso se fazer limpeza, se escolher ou profissionalizar os funcionários públicos para diminuir tanta hegemonia, tanto horror vivido por aqueles que vão a DIC para tratar um B.I.
Não está fácil tratar documentos em Moçambique. Além dos preços que vão subindo de forma abusiva e tão escandalosa, percebemos que ainda persiste falta de sanções e regras a serem seguidas pelos funcionários públicos. Mas uma coisa é estranha: como me foram subir o preço do reconhecimento dos documentos de 5 a 25 meticais?
Uma ideia: coloquem câmeras nas cabines de atendimento dos funcionários da DIC e poderão ver tanta palhaçada que nem Mr. Bean consegue fazer. Ora são pessoas que entram sem seguir a bicha, ora são casos de documentos forjados, ora são casos de cabines livres sem atender os utentes, enquanto a DIC está totalmente lotada e gente querendo sair para outros afazeres. Não há celeridade na máquina da função pública. Se continuar assim vamos ficar presos no tempo e desta forma não vamos desenvolver de forma progressiva e eficiente.
Afinal, o que está a acontecer neste país? Será que os familiares dos funcionários públicos é que tem melhor atendimento? Vamos continuar a aceitar que se abandonem postos de trabalhos para atender assuntos pessoais? Na mesma cabine de atendimento, um jovem foi mandado sair e formar novamente a bicha porque ele confundia-se no número da sua casa, ou do quarteirão. Teve que formar novamente a bicha. Ora, um funcionário público precisa não só atender, mas também ajudar os utentes caso eles se sintam confusos relativamente sobre os dados a apresentar. É preciso que os funcionários públicos sejam profissionais ao ponto de perceber que não estão a fazer favor aos utentes que vão para lá a procura de tratar o Bilhete de Identidade, mas é sim um dever a ser cumprido.
Precisa-se vigiar os locais de atendimento público para perceber as barbaridades que acontecem, pois só assim a administração pública, os serviços públicos, assim como os funcionários vão respeitar não só os direitos do utente, mas também perceber do seu dever de melhor exercer as suas funções.

Sérgio dos Céus Nelson

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Frente aos factos

Sobre o autor do blog

Sérgio dos Céus Nelson

Communication Officer at Lúrio University Journalist. Freelancer. Activist of Human Rights. Photographer

Communication and information specialist. Journalist. Writer. Screenwriter. Researcher. Motivator. Volunteer.

Founder of the Association of Environmental and Human Rights Journalists - AJADH and the Literary Association of Arts and Culture of Mozambique (ALARCUMO).

Contact: (+258) 829683204 or 846065018/879877312

Skype: Sérgio dos Céus Nelson

Journalist with Honorable Mention in the International Prize for Human Rights Journalism, by the Association of Public Defenders of the State of Rio Grande do Sul (ADPERGS) - Brazil.

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