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A
maior invasão que pode existir um país não é a que ocorre através das armas,
mas sim aquela que distorce e hipnotiza pensamentos de comunidades a pensarem
que um dia quando a fome for maior, poderemos adoptar a areia como o alimento
básico para lutar contra a desnutrição crónica.
É
difícil liderar um país, mas mais difícil é liderar um país que não sabe o que
é ser liderado e quando ajudar a ser liderado. O que pretendo dizer é que as
políticas africanas se demonstram de singularidades, no sentido de que os
governos formados actuam de forma individual e nunca incluem, efetivamente, os cidadãos
nos seus processos de tomadas de decisão, por isso que ainda existem mentes (até
de intelectuais0 que definem estado como o partido no poder.
Nos
encontramos num cenário de povos que não “sabem” o que é bom para si mesmos, e
para podermos tomar decisões que definem o rumo das nossas nações, precisamos
de “baby-sitters – babás” para colocarem chuchas nas nossas bocas para pararmos
de chorar. Mas a lágrima que cai sobre os povos africanos, não é exatamente a
lágrima de fome, mas sim de uma criança que ainda não sabe distinguir se está
com fome ou se quer sentar numa pia.
Mesmo
percebendo que a corrupção vai-se alastrando, continua se batendo palmas para o
“soberano” nos parlamentos e vai se continuando a fingir que a fome não existe,
que a desnutrição crônica é um conto de fadas, que o analfabetismo já foi
ultrapassado, por isso debatemos com tanta euforia sobre a migração digital.
Mark
Twain é apologista da ideia de que "os dias mais importantes da tua vida são
o dia que nasces e o dia que descobres o porquê". O que me interessa nesta
citação é o porquê de as mentes africanas continuarem aprisionadas num passado
que elas mesmas percebem que dela precisam se libertar. A libertação da mente
africana pode ser o maior investimento que precisamos nos focar nele.
Afinal
em que continente vivemos? Vivemos em países onde as pessoas estudam porque
querem emprego e não o conhecimento. Investem o pouco do dinheiro que têm
porque querem estudar engenharia, petróleo, gás para terem mais dinheiro, mas
nunca estudar antropologia para estudar o conhecimento humano na sua totalidade,
nem mesmo a arqueologia para descobrir a origem dos Homens, por exemplo.
Estamos
em países onde não há revolução porque continua-se acreditando que só se pode
ter um bom emprego tendo o cartão do partido no poder, ainda que ser membro de
um partido político não se defina pelos cartões que se possuem, porque as
pessoas tratam certos cartões partidários para terem “oportunidades”, enquanto
respiram um outro partido.
Vivemos
em cenários de povos que se pensa que as revoluções, mudanças serão feitas de
noite para o dia, numa só sentada do conselho de ministros, como se não se
soubesse que as revoluções não se fazem nas pressas, é preciso ir com calma e
investir em cada ideia que se tem, de forma sábia.
Estamos
em países onde não se ensina os cidadãos a saberem usar e aproveitar das leis
que existem, o que faz com que as pessoas tenham medo do advogado e não saibam
da sua pertinência em cada transação que fazem. Estar num país que não respira
as leis, países não regulados faz de nós um povo que desconhece nossos próprios
direitos por capricho de alguns que escondem dos outros a liberdade têm de
progredir e sonhar.
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No
meio de tantas coisas incríveis, percebemos que estamos em países em que jovens
se mostram “apáticos” dos governos, mostram-se rebeldes para chamar atenção e
posteriormente serem chamados para cargos de prestigio.
Os
estados nunca poderão evoluir até que decidam lutar bravamente pelos direitos e
liberdades, porque isso é o garante de que todos se sintam incluídos e possam
juntar forças para mudar nações. Mas par tal, é preciso que as pessoas percebam
que uma revolução faz-se abstendo-se de mitos existentes de que as zonas onde
as pessoas nascem, fazem delas bons ou maus líderes. É preciso ler e saber de
onde veio, por exemplo, Martin L. King para perceber que era uma zona de muita
criminalidade, drogas, etc, mas nem por isso ele deixou de inspirar o mundo.
Hipotecamos
demais o nosso futuro com pensamentos estomacais. É preciso pensar-se no futuro
de forma sabia e perceber que se deve instruir mentes a fazerem diferente. Claro
que progresso não é exatamente a perfeição, mas é um procurar por algo o melhor.
A
revolução tarda (rá) nos países africanos porque ainda não se percebeu a razão de
lutar, não se percebe que se vive acorrentados numa aparente liberdade, ainda não
se percebeu que se pode melhorar o funcionamento dos estados e as liberdades
podem ser mais liberais, permitindo que os indivíduos sejam mais expressivos,
com oportunidades iguais e prevaleça uma democracia participativa.
A
maior cegueira que pode existir num Homem não é a dos olhos, mas a de continuar
acreditando que os problemas que enfrenta vão se resolver sem sequer suar.
Sérgio dos Céus Nelson